Um apelo à mobilização

A Universidade de Aveiro (UA) celebrou os seus 51 anos! Foi tempo de comemorar e refletir sobre o trajeto feito até à atualidade. Com este movimento, queremos que uma comunidade, cada vez mais alargada, tenha voz e sinta que está a construir uma UA para os próximos 50 anos: democrática, transparente, plural e que envolva efetivamente todas as pessoas. O Conselho Geral deve ser um órgão de debate, de troca de opiniões entre colegas representantes das diferentes formas de ser e de pensar o meio académico, e que, em conjunto, sejam capazes de preparar a Universidade de Aveiro para o futuro. O Conselho Geral será, nesta fase de transição para eleições diretas de todos os seus órgãos, um colégio determinante para a concretização da pluralidade que se espera que seja quotidianamente construída por todos os seus agentes. Somos inequivocamente a favor de eleições diretas quando tal for legalmente possível, possibilitando formas de gestão participadas e da criação de mecanismos e fóruns coletivos para fomentar a colaboração interna, a discussão pública de assuntos relevantes a toda a comunidade e a valorização individual. Queremos pessoas motivadas, que se sintam escutadas e respeitadas na sua dignidade, sem medo, real ou imaginário, de expressar opiniões ou visões alternativas. Só assim teremos uma UA forte, competitiva e próspera. Queremos envolver todos(as) ao nível do ensino, investigação, cooperação com a sociedade na resposta aos problemas, desafios societais e anseios de todos os membros da comunidade UA. Por estes motivos, e porque queremos dar voz a TODOS(AS), sem exceção, apresentamo-nos como um movimento totalmente independente, plural e diverso para concorrer às próximas eleições ao principal órgão de gestão da UA, o Conselho Geral.

Promover a mudança de paradigma da eleição de todos os orgãos de gestão da UA.

Não obstante a dissolução do parlamento, a discussão feita em sede parlamentar do novo RJIES, parece haver um consenso entre os principais partidos políticos. No âmbito da revisão da lei, que esperamos todos seja retomada na próxima legislatura, temos confiança na alteração ao processo de eleição do reitor, em prol da representatividade. Processo este aberto à respectiva comunidade, no seu todo, incluindo, ainda que de modo ponderado, docentes, investigadores, alunos, antigos alunos, não docentes e não investigadores. Infelizmente os tempos para a eleição do próximo Reitor e os tempos para a discussão, aprovação e implementação do novo RJIES não se conjugam. O nosso movimento pugna pela implementação da eleição direta de todos os órgãos de gestão unipessoais, do Reitor aos diretores das unidades orgânicas. Defenderemos no Conselho Geral todas as alterações necessárias para que esta realidade se concretize a breve trecho.

Aumentar a transparência nos órgãos de gestão da UA

Nos últimos anos, observamos uma desmotivação generalizada e enfraquecimento da participação da comunidade da UA nas decisões que são tomadas, uma diminuição na transparência na gestão da UA, e uma postura de distanciamento e pouca empatia com as pessoas. No Conselho Geral pugnaremos para aumentar a transparência nos órgãos de gestão da universidade, é necessário implementar práticas que promovam a acessibilidade à informação, o diálogo com toda a comunidade académica e o fortalecimento de mecanismos efetivos de valorização da missão da UA.

Fomentar o papel fiscalizador dos órgãos colegiais da UA, em particular do Conselho Geral

O papel fiscalizador dos órgãos de representação da comunidade académica tem sofrido um enfraquecimento, com o Conselho Geral a ser visto fundamentalmente como um órgão de eleição do Reitor, abrindo espaço para o informalismo e falta de transparência nos processos de tomada de decisão. A UA necessita de um Conselho Geral plural, forte e independente, que seja construtivo, mas igualmente fiscalizador dos restantes órgãos de governo. Deve ainda ser um espaço que promova a reflexão contínua sobre a estratégia a longo-prazo da instituição e não um mero órgão para apreciação e aprovação de documentos apresentados pelo Reitor e a sua equipa. Para tal, este movimento, que resulta da auscultação da comunidade, numa clara estratégia de baixo para cima, sem o envolvimento de putativo(a)s candidato(a)s a Reitor, apresenta-se a este ato eleitoral com um conjunto diverso de Colegas com forte espírito crítico, de missão e de dedicação à UA, sendo por tal um garante de independência e isenção, particularmente relevante no momento da discussão dos planos de ação do(s) futuro(s) candidato(s) a Reitor.
Os conselhos científico e pedagógico constituem-se igualmente como plataformas essenciais na elaboração e consensualização das políticas universitárias, pelo que o seu papel deve ser reforçado através de uma maior e melhor representatividade e escrutínio dos processos.
A representatividade deverá ser alcançada, tendo em conta a diversidade das Unidades Orgânicas e de Investigação, que se devem coordenar em fóruns com o objectivo de evitar sobreposições e melhor valorizar a multidisciplinaridade da UA.

Afirmar a diversidade e representatividade

É crucial promover e valorizar a diversidade científica e cultural que caracteriza a UA: universitário e politécnico, ciências exatas, sociais, naturais e da vida, engenharias, humanidades e artes. Professores, Investigadores, TAG e Estudantes têm perspectivas diferentes que carecem de um fórum único. É fundamental empoderar as pessoas e garantir que todas as vozes sejam efetivamente ouvidas na UA em órgãos plenários e setoriais. Para o efeito, o nosso movimento apresenta uma lista plural e diversa com Professores e Investigadores nas diferentes fases da carreira, dos dois sistemas, pertencentes ao quadro, em período experimental ou com vínculo precário, para que todos se possam sentir realmente representados.

Empoderar as pessoas e recuperar/reforçar o sentimento de pertença à UA

A UA tem sido feita à base do esforço individual das pessoas: Professores, Investigadores, TAG e Estudantes. Num período complexo para a administração pública em geral, e para a Ciência em particular, a UA não tem garantido com sucesso a proteção do impacto deste período na vida pessoal e na carreira individual. Ambicionamos uma UA que olhe para os seus elementos, e considere cada um como um indivíduo, que deve ter condições de progredir, em situação de igualdade, justiça e transparência, e, desta forma, sentir-se realizado. No Conselho Geral pretendemos dar corpo a esta ambição, acompanhando a implementação de forma atenta e contínua dos mecanismos de avaliação e progressão das diversas carreiras. Queremos ainda recuperar o sentimento de pertença à UA, o sentimento de estar conectado com e ser aceite na UA, que se tem perdido ao longo do tempo por várias razões. A identificação com a instituição é crucial para cada indivíduo, mas também para a UA, porque tem um impacto profundo na produtividade.

Afirmar a UA na Sociedade através da Educação Cultura e das Artes

Uma universidade que procura afirmar-se na sociedade deve assumir um papel que vai para além da formação académica tradicional. Deve ser um espaço dinâmico e de co-criação, de inovação, de inclusão e de transformação. A educação deve assumir um papel central na inovação e desenvolvimento da UA, nomeadamente na relação com os estudantes e com a sociedade. A cultura e as artes devem assumir, igualmente, uma relevância acrescida na construção de uma universidade do conhecimento, eclética, e promotora de um desenvolvimento socioeconómico sustentável e humanizado.
Para tal, pugnamos por garantir que os feitos académicos e científicos alcançados pela UA se traduzem em melhores relações com a Cidade, a Região, o País, através de maiores apoios à intervenção pública por parte dos membros da UA. De igual forma, defendemos a necessidade de estreitar e reforçar os laços com os alumni e reforçar o sentimento de pertença à UA por parte dos mesmos.

Promover a qualidade de vida nos campi da UA

Ao longo dos últimos anos, o edificado, as estruturas de apoio e a qualidade de vida dos campi têm vindo a degradar-se. Os campi da UA necessitam de dar resposta às necessidades da instituição e da comunidade, nomeadamente em termos de ensino e investigação e da alimentação, estacionamento, saúde, cultura e desporto. No Conselho Geral pugnaremos pela criação de parcerias eficientes com os municípios, empresas e associações locais que permitam a criação de sinergias que melhor aloquem as competências de cada entidade e promovam a captação de financiamento para criar novos edifícios ou melhorar a qualidade e o conforto do edificado existente.

Promover a inovação e excelência científica da UA

A excelência científica das universidades, e em particular da UA, está fortemente condicionada pelos indicadores e rankings internacionais, sendo que muitos destes evidenciam um notável declínio nos últimos anos, que se espera que seja agravado pela saída massiva de Investigadores da UA em final de contrato. Efetivamente, apenas 20% dos Investigadores da UA têm vínculo permanente e os demais têm perspectivas de estabilidade bastante diminutas. Assim, em complemento às políticas nacionais, iremos influenciar através do Conselho Geral a criação de um verdadeiro ecossistema de inovação para dinamizar a Investigação Desenvolvimento Inovação em rede, que responda de forma ágil, versátil e coordenada às necessidades da Indústria e da Sociedade, mas que seja igualmente usada como casos de estudo na lecionação (sempre que aplicável).
A nossa visão é empoderar os trabalhadores científicos da UA, garantindo formação continua, upskilling e reskilling, maximizando as oportunidades de trabalho e estabilidade dos seus vínculos e minimizando a precariedade.
Instigaremos ainda, através da cooptação de membros ao Conselho Geral influentes, entre outros mecanismos, o fomento à competitividade (inter)nacional da UA, e à cooperação inter(ra)-departamental e entre unidades de investigação e, desta forma, otimizar recursos, promover a excelência da Ciência e Investigação com chancela da UA. Esta política de influência visa potenciar e diversificar a captação de financiamento de forma colaborativa, reforçar o pessoal de apoio e as competências do GAI e da UACoopera para que apoiem a preparação de candidaturas e execução de projetos, de forma ainda mais eficiente.
Faremos um trabalho de discussão de medidas inovadoras junto dos demais órgãos da UA no sentido de flexibilizar o uso de custos indiretos para, p.e., garantir financiamento-ponte a Investigadores de áreas-chave das ciências fundamentais e aplicadas, ou para a criação de mecanismos de verdadeiro incentivo à produtividade e excelência científicas numa clara promoção da meritocracia e diminuição da endogamia académica. Sempre com a garantia de sustentabilidade financeira da UA a longo prazo.